Misturar despesas de pessoa física e jurídica é o principal erro cometido pelos microempresários e isso expõe toda a falta de controle financeiro.
Saiba porque essa atitude é tão perigosa, quais riscos está correndo e o que deve fazer de diferente.
Essa gestão amadora chama a atenção da Receita Federal, causa grandes prejuízos e até leva à falência.
Se você ainda não acordou para a necessidade de cuidar do próprio negócio com o mínimo de profissionalismo, abra o olho. Ainda dá tempo de mudar.
Pagar contas da pessoa física com o dinheiro da jurídica é fatal
As despesas pessoais e as da empresa devem estar totalmente separadas porque essa é a primeira atitude que leva ao controle financeiro do próprio negócio. Além disso, a Receita Federal exige tal divisão e pune quem não segue as leis contábeis.
Se você é dono do próprio negócio e acha normal aproveitar essa condição para pagar as contas pessoais com o dinheiro da empresa, mude já seus hábitos.
Quase ninguém vê problema em deixar misturadas as despesas de pessoa física e as corporativas porque, afinal de contas, o responsável por ambas é o mesmo.
É verdade. E, do mesmo modo, a imensa maioria de microempresários comete esse erro grave. Eles não se comportam, de fato, como empresários.
Infelizmente, o brasileiro não aprendeu educação financeira na escola e por isso ignora algumas regras básicas e indispensáveis para controlar o fluxo de dinheiro.
Não é tão difícil assim sair dessa armadilha porque com organização e disciplina é possível pôr as finanças em ordem antes de o caos entrar pela sua porta.
O maior desafio das pessoas está, certamente, em mudar o próprio jeito de pensar.
Para ficar mais próximo do dia a dia, vou fazer uma comparação que vai te ajudar a ver a mesma questão por outro ângulo. Vamos lá.
Você conhece algum casal que briga por causa de dinheiro?
O marido reclama que a mulher gasta demais (ou o contrário) e é fácil aquela fatura do cartão de crédito ou o limite do cheque especial virarem motivo de discussão.
Um quer controlar o orçamento – segundo a previsão do quanto vai receber – e o outro aparece com despesas extras. O cônjuge mão aberta sempre diz que precisa daquelas compras a mais.
Quem é disciplinado, às vezes, consegue dizer o seguinte: como você fez essa conta, a responsabilidade de pagar é toda sua. Agora, se vire pra resolver.
Na prática, um dos dois quitará (ou não) tudo antes que vire uma bola de neve.
Imagine, então, que você é a própria empresa e todos os meses alguém traz despesas que não são tarefa sua arcar com elas.
Enfim, um dia, você abre a pasta de contas a pagar e vê um boleto, na maior cara de pau, sorrindo e esperando só dinheiro entrar no caixa para ser pago. Legal, não é?!
Como foi você quem colocou a conta lá dentro, prejudicando a pessoa jurídica, não há com quem brigar.
Ainda existe outro ponto de vista a ser analisado.
De que forma agiria se só seu sócio colocasse as contas pessoais dele para serem pagas com a grana da empresa? Não creio que decidiria incluir, também, as suas despesas.
Mantenha, então, a atenção no controle financeiro.
Se quiser mesmo alcançar o sucesso, precisa alterar seu mindset. É necessário ter mentalidade de empresário, não de autônomo, freelancer ou empregado. Aliás, este último costuma achar que a empresa sempre tem dinheiro.
Enquanto continuar agindo do mesmo jeito, a única mudança que vai ver é o aumento do enrosco em que se meteu, financeiramente falando, é claro.
Se ainda não está enrolado, é apenas questão de tempo para ficar.
Controle financeiro começa na separação da conta corrente
Após mudar o jeito de pensar, o primeiro passo é arregaçar as mangas e se organizar de forma clara e concreta.
Nada de planos mentais. Seja prático.
Caso você ainda use a conta corrente de pessoa física para receber o pagamento de seus clientes, desapegue dessa prática negativa.
Abra outra conta, de pessoa jurídica, para ser usada de forma exclusiva pela empresa. Além do controle preciso em relação ao fluxo de dinheiro, existem várias vantagens em tal iniciativa.
- Há linhas de crédito mais vantajosas à pessoa jurídica
- As taxas de juros são menores para as empresas
- Você é visto com mais seriedade pelos fornecedores
- É possível comprovar a saúde financeira da empresa.
Você imagina que terá mais trabalho ao cuidar de duas contas em vez de uma? Ao contrário. O tempo gasto para olhar o extrato é bem menor com a distinção.
Ela lhe dará maior produtividade às tarefas administrativas.
O tema é importante porque está ligado aos futuros lançamentos, por exemplo, de receitas e despesas no balanço da empresa.
No caso de falta de atenção, há vários problemas.
As declarações ficam imprecisas e isso pode gerar, no mínimo, mais impostos porque a relação de receitas e despesas é confusa. Tal bagunça serve como ímã para a malha fina do governo.
Da mesma forma, qualquer análise de empresas com contas unificadas pode levar à conclusão de que há problemas com pessoa jurídica.
Aliás, as chances de surgir alguma complicação por causa da falta de controle financeiro crescem com o passar do tempo.
Contas unificadas são como bomba relógio que podem explodir a qualquer momento. Mas é possível desarmar esse material explosivo.
Depende apenas de você fazer algo a respeito ou fingir que o problema não existe.
Tornar-se empresário não significa brincar de ser chefe. Você é juridicamente responsável por suas ações ou pelas decisões que deixar de tomar.
Separe as despesas de pessoa física e jurídica
Com duas contas correntes independentes, é hora de separar o joio do trigo.
Todas as despesas pessoais ficam fora da movimentação da empresa. Elas devem ser pagas com o valor do pró-labore, depositado na conta de pessoa física.
Você pode, no máximo, pegar e registar no balancete parte do lucro mensal. Mas sem abusar porque a retirada desse capital, se for exagerada, vai prejudicar a empresa.
Nada de se empolgar e pagar as contas de casa com o faturamento comercial. A Receita Federal está de olhos bem abertos para pegar no flagra os contribuintes que cometem irregularidades.
Existem multas para o descumprimento de regras contábeis. Uma delas está ligada ao Princípio da Entidade.
Outra falha facilmente detectável quando as despesas estão misturadas é a constatação de que a empresa nunca gera lucro e, por isso, o sócio deixa de receber os próprios rendimentos.
Você deve se manter atendo às leis, entretanto, também há razões ligadas à gestão que precisam ser observadas para garantir a saúde financeira da empresa.
É muito importante anotar qualquer gasto corporativo, mesmo o valor do café, porque só assim dá para saber o custo real do seu negócio.
Daí em diante, dá para calcular quais são as despesas, o retorno do investimento e o lucro mensal, entre outros indicadores administrativos.
Caso você encontre dificuldade em relação ao controle financeiro, converse com seu contador. Ele está bem preparado para te orientar.
Além disso, há vários softwares bem específicos que podem não apenas te ajudar a organizar todas as despesas, mas também agilizar a atividade.
Hoje em dia, é possível modernizar a gestão sem comprometer o orçamento. Nem precisa ser especialista em informática para usar essas novas ferramentas voltadas ao microempresário.
Entendeu o recado?
Agora coloque em prática o que aprendeu porque, mesmo sendo um pouco trabalhoso, vai evitar muita dor de cabeça no futuro.
E, se a empresa for bem administrada, a ação vai gerar bons lucros, claro.